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ANÁLISE – Bem Articulado - Die Zeit, 7/12/2023

O governo do Brasil visitou Berlim e isso realmente teve resultado concreto, inclusive para o meio ambiente por  Thomas Fischermann

É surpreendente como às vezes ouvimos pouco sobre decisões econômicas globais importantes em meio a uma enxurrada de notícias. No início da semana, o presidente brasileiro Lula da Silva foi convidado a visitar Berlim e havia muito para se ler e assistir na televisão sobre como o socialdemocrata de 78 anos está saboreando a oportunidade de estar no cenário mundial mais uma vez, como ele está se apresentando como o porta-voz do Sul Global e de uma nova ordem multipolar. E que um acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul, que vem sendo negociado há décadas, o qual provavelmente terá de ser adiado mais uma vez.

Die Zeit Visita Oficial Governo Brasileiro a Berlim com presidente Lula e ministros

Também é muito difícil relatar as outras coisas, possivelmente mais importantes, que também aconteceram em Berlim: o trabalho diplomático em detalhes, as conversas individuais entre os ministros brasileiros e alemães, que são a característica especial dessas consultas governamentais. Lula da Silva viajou a Berlim com um grupo de seus ministros, que passaram alguns dias reunidos com seus colegas de área [alemães]. O resultado é uma infinidade de 19 declarações em linguagem burocrática oficial, mas com muitos planos concretos: cooperação técnica, proteção ambiental, combate às fake news, pesquisa, cooperação em viagens espaciais, vacinas, avaliação da qualidade de produtos industriais e assim por diante. Representantes de empresas também conversaram.

A Alemanha e o Brasil haviam tido apenas uma reunião de alto nível até agora, em 2015, quando Angela Merkel viajou para os trópicos com uma seleção de ministros para visitar Dilma Rousseff. Essas reuniões ocorrem com mais frequência com outros países, principalmente com parceiros europeus como a Itália e a Holanda, e também houve um número impressionante de 14 reuniões desse tipo com a Rússia até 2014, 6 com a Índia e 7 com a China.

E, repetidamente, fica claro o quanto há espaço para moldar as relações econômicas internacionais nessas reuniões, em questões muito específicas - mesmo que grandes projetos, como o acordo de livre comércio, estejam atualmente enfrentando resistência em outras partes da Europa. De qualquer forma, o governo brasileiro tem plena consciência da importância da reunião.

Lula da Silva, que é um comunicador político magistral, convidou seus apoiadores para um pequeno programa de TV no YouTube, que ele mesmo apresentou, imediatamente após sua visita a Berlim. Ele falou com seus ministros, um a um: o que a viagem alcançou agora? "Haverá uma nova onda de investimentos alemães no Brasil", respondeu empolgado o ministro da Economia, Fernando Haddad. Outros membros do gabinete descreveram esperanças concretas para a aplicação da tecnologia e do poder econômico alemães em suas áreas, por exemplo, para a expansão de uma bioeconomia.

Perspectivas concretas e planos de trabalho são mais importantes para um país como o Brasil do que grandes slogans - e o talk show de Lula também mostrou que eles aumentam a influência diplomática. O Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, fez um discurso particularmente longo. Ele ficou satisfeito com os inúmeros novos mercados que as viagens diplomáticas ao lado de Lula abriram para ele nos últimos meses. No entanto, ele acrescentou que também havia recebido avisos em muitos lugares. "Todo agroempresário sério no Brasil", disse o próprio [Lula] da Silva, "deve agora garantir que atenda às exigências do resto do mundo em termos de segurança ambiental. Portanto, uma mensagem diplomática em favor da proteção ambiental foi bem recebida sem nenhuma necessidade de acordos complicados.

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